sábado, setembro 18, 2004

O Niilismo - segundo o meu pensador, Nietzsche

O Niilismo percorre a maior parte da obra de Nietzsche como uma crítica ao cristianismo (Abaixo a religião!!! Digo eu) e ao socratismo. Neste caso, a vida é regida por valores superiores, metafísicos, por um ideal ascético. O homem delineia a sua existência numa ficção, um além-mundo onde inexiste o tempo. Pela fé neste mundo, a vida é negada, suprimida e acorrentada. O homem falsifica-se a si mesmo, tornando-se um ser regido por valores superiores. Certo é que existe um sentido e uma verdade. Contudo, é direccionando a sua força a esta verdade que o homem deprecia a vida, afinal, viver para a verdade é viver para o nada. A vida assume-se, portanto, como negadora de si própria. Preserva-se por afastar do homem o mal-estar de viver no vazio, mas nega-se por direccionar-se ao nada.
Nesta primeira forma de niilismo, o homem vislumbra livrar-se do tempo, tornar-se infinito. É por medo da morte e do tempo que o ser humano se falsifica. Mergulha numa ilusão no afã de alcançar o eterno. Segue-se que o homem nega o real e entende-o como vão.
O segundo sentido que Nietzsche dá ao niilismo é menos claro. O ideal ascético esgota-se e o niilismo transmuta-se. Aqui, a vontade de poder assume o seu poder de acção e destruição. Renega-se os valores superiores e com eles a ilusão da eternidade. Aqui, o homem mata o seu Deus. Porém como afirma Heidegger, o trono está vago e o homem buscará ocupá-lo.
Este niilismo como destruição, é, para Nietzsche, um novo disfarce das forças reactivas, destruindo, desta vez, a sua antiga forma de dominação e forjando uma nova. É o niilismo activo, que, não obstante a sua força de acção, termina por desembocar no nada, na negação total de valores e da vida. Ainda assim, Nietzsche privilegia esta forma de niilismo, já que nele a vontade de poder assume-se enquanto força destrutiva da moral. Com efeito, a negação da moral indica uma elevação do homem, como afirma Nietzsche em A Vontade de Poder: “A indigência não se tornou eventualmente maior: ao contrário! “Deus, moral, resignação”, eram meios de cura em graus terrivelmente profundos da miséria: o niilismo activo aparece em condições que se configuram relativamente muito mais favoráveis. Já a moral ser sentida como superada pressupõe um razoável grau de civilização espiritual; esta, por sua vez, um relativo bem-viver”

Excertos do texto "O Niilismo" por André Joffily Abath

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